< Crónicas de Sampa: abril 2005

sábado, abril 30, 2005

Sensação estranha - Acordar de manhã em casa e não ser dia de trabalho.

sexta-feira, abril 29, 2005

Ecrã gigante do estádio Pacaembú - "Torcedor, não se entregue à violência, entregue a sua arma. "

Brasil x Guatemala, São Paulo, 27/04/2005

terça-feira, abril 26, 2005

Floripa

Finalmente a crónica!!

A aventura do fim-de-semana terminou bem. Isto apesar das 11 horas de ônibus que foram necessárias para chegar ao destino e dos atrasos no avião para São Paulo no domingo.

Partida, Terminal Rodoviário do Tietê, quarta-feira às 23h30. O feriadão no Brasil aproveita-se ao máximo, e isso deu para perceber aquando da chegada ao terminal. Também deu para compreender porquê que aquele é o segundo maior do mundo, atrás de Nova Iorque. Quem não tem bilhetes a essa hora, dificilmente arranja. As plataformas estão apinhadas, os veículos em constante movimento. Mais à frente, outra demonstração da loucura do fim-de-semana prolongado: paragem numa área de serviço da auto-estrada, por volta das 03h00, invadida por dezenas de autocarros. Pagar um iogurte e um snack demora uns 10 minutos.

Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, no sul do Brasil, fica situada numa ilha com cerca de 50 km de extensão e 10 de largura, ao largo do continente sul-americano. Tem características próprias que a distinguem claramente do resto do país. Em primeiro lugar, o padrão de colonização do sul do Brasil é mais parecido com o da Argentina, com origem no norte da Europa (principalmente Alemanha). Em segundo lugar, as estradas estão bem sinalizadas e os condutores são civilizados (até há alguns que deixam os peões atravessar a estrada fora da passadeira). Em terceiro lugar, o calor não é tão intenso como noutras zonas do país, chegando mesmo a haver Inverno no sentido literal da palavra. Finalmente, e contrariamente às grandes cidades do sudeste como São Paulo ou Rio de Janeiro, a pobreza não é tão visível.

A ilha pode ser dividida em duas metades: norte e sul. A primeira, mais quente, atrai mais turistas; a segunda guardou ainda toda a simplicidade da colonização açoriana, com casas à beira-mar e muita actividade piscastória. A baía que a ilha forma com o continente montanhoso realça mais a sensação de estar num arquipélago.

A sensação que fica é de que a ilha é óptima para passar férias. Oferece diversidade de lazer, mesmo para o típico turista que vem à procura de sol, mar e noite. Baías com águas calmas a norte, costa brava a leste ideal para surfistas, ainda lagoas para a prática de desportos náuticos, bons restaurantes e baladas (discotecas). Uma necessidade: carro. Sem ele, é quase impossível movimentar-se na ilha. Sem dúvida que o regresso foi bem melhor de avião, mas mesmo assim o tráfego aéreo e as más condições climatéricas originaram um atraso de hora e meia à chegada.

Agora, descanço. Após três fins-de-semana seguidos a viajar, vai saber bem ficar um fim-de-semana em São Paulo...

quarta-feira, abril 20, 2005

Tiradentes

O Brasil resolveu comemorar mais um dos seus heróis nacionais e eu decidi seguir a onda. Mais um fim-de-semana prolongado, o destino é Florianópolis, no Estado de Santa Catarina. Fala-se que é um dos melhores lugares para se viver no país.

Vai ser grande aventura, para imaginarem hoje de manhã ainda não tinha nada marcado...


Laranja: fruta pouco doce, com uma casca de cor verde ou amarela. Garantia de ser cor-de-laranja por dentro. Posted by Hello

terça-feira, abril 19, 2005


Copacabana by night Posted by Hello


Vista aérea do Corcovado Posted by Hello


Ipamena e Leblon Posted by Hello


Copacabana beach Posted by Hello

segunda-feira, abril 18, 2005

Carioca 1

Indescritível. Desde a chegada, foi indiscutivelmente o melhor fim-de-semana.

Rio de Janeiro, chegada sábado às 6h30 da manhã. O sol já se levantara no horizonte, prometendo generosidade para o resto do dia. Depois de uma viagem passada a (tentar) dormir no autocarro, o sono era muito. No entanto, chegando a Copacabana no apartamento que o Tozé teve a generosidade de partilhar (e fica aqui o agradecimento), o sono fica arrumado na gaveta (pelo menos assim se tenta!): a vista é espectacular, sem dúvidas das mais belas que já vi até agora. Pouco passava das 7h quando nos fizemos à estrada, já com uma temperatura considerável. A praia deixou de ser suportável às 11h.

O que fui ver? Zona sul essencialmente, Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa Rodrigo Freitas. E, como não pode deixar de ser, Corcovado e Pão de Açúcar, donde é possível ver isso e muito mais. O resto, fica para outra vez. Afinal de contas, é barato e rápido chegar à Cidade Maravilhosa vindo de São Paulo e o corpo tem limites que foram atingidos neste fim-de-semana.
Dois dias são complicados para descrever a cidade, mas permite estabelecer algumas comparações com a capital paulista. Em primeiro lugar, a cidade não é tão frenética, tem uma actividade económica muito mais virada para o turismo. O calçadão (passeio marítimo) é a prova disso, com centenas de vendedores de tudo e mais alguma coisa. Em segundo lugar, a (in)segurança. No Rio de Janeiro, a favela é bem visível a olho nú, basta olhar para os montes da cidade, contrariamente a São Paulo, onde este fenómeno localiza-se sobretudo na periferia da cidade. Em terceiro lugar, a cidade é bem mais agradável do ponto de vista urbanístico, apesar das favelas. As ruas estão mais limpas e as praias, tendo em conta que estão numa cidade com 10 milhões de habitantes, estão em bom estado (a qualidade da água é que não é tão boa). Finalmente, a capital carioca não tem tanta diversidade de restaurantes e de vida nocturna: esta última é frequentemente conotada com prostituição pelos taxistas.

E como uma imagem pode valer mais do que mil palavras, gostaria de colocar algumas fotografias na página. No entanto, problemas técnicos impossibilitam a sua publicação. Espero poder partilhá-las brevemente.

sábado, abril 16, 2005

RJ

Para aguçar o apetite dos mais curiosos, informo que a acção durante este fim-de-semana vai desenrolar-se num estado vizinho, Rio de Janeiro.

Cidade Maravilhosa...

Até segunda!


Morumbi Posted by Hello

sexta-feira, abril 15, 2005

Morumbi

Para celebrar um mês de estadia em São Paulo, nada como assinalar a data com uma estreia num jogo de futebol no Brasil. Aqui, todo o cuidado é pouco para escolher um jogo: quando a torcida está muito dividida, como em derbys de São Paulo, a violência é de fácil deflagração e por essa mesma razão o torcedor tem de planear a ida ao estádio de forma a não cruzar-se com adeptos adversários.

O jogo escolhido não podia ter sido melhor: Copa Libertadores, o equivalente da Liga dos Campeões na América Latina. Local: estádio Morumbi, com capacidade para 70 mil espectadores, São Paulo FC contra Quilmes da Argentina. A rivalidade entre o país das pampas tima e o Brasil é enorme, basta dizer que a palavra ódio é suave para definir os sentimentos que estes dois países nutrem um pelo outro. No entanto, como os argentinos não tinham torcida e o São Paulo é o clube mais chique da cidade, conotado com a classe média alta, o risco diminui e pôde-se assistir a um belo espectáculo, quer dentro quer fora das quatro linhas.

O que muda em relação à Europa? A torcida, sem dúvida. Toda a gente canta do princípio ao fim, ensaiam-se coreografias, mesmo nas bancadas centrais. Para além disso, são as camisolas despidas que fazer o belíssimo colorido que os cachecóis emprestam aos estádios portugueses. Talvez essa seja uma justificação para a reduzida presença feminina. Outra diferença gritante: o torcedor apenas se senta durante o intervalo.

O jogo em si não foi relevante. O mais insólito, só soube no dia seguinte: um jogador argentino que tinha feito comentários racistas em relação a um jogador do São Paulo foi preso no balneário, após o final do jogo, exactamente por este motivo (parece que uma câmara captou as imagens).

Neste momento, 48 horas após o final do jogo, o jogador continua atrás das grades, sózinho numa cela onde não pode ser contactado e sem direito a colchão...

quarta-feira, abril 13, 2005

Curva de Lorenz

Um dos aspectos que mais me tem impressionado em São Paulo é a quantidade de pessoas que têm emprego e que à primeira vista parece não ter qualquer utilidade para o empregador. Há de tudo: pessoas a desviar o trânsito nas portagens das auto-estradas (sim em plena faixa de rodagem), pessoas para entregar e recolher bilhetes nos parques de estacionamentos de shoppings, ou ainda pessoas para arrumar as compras dos clientes num supermercado.

Tenho a nítida sensação que toda esta gente está a mais. Também sinto que há um esforço enorme para lhes oferecer alguma coisa, por muito pouco que seja. Se fossem abolidas as profissões de porteiro, segurança, para além daquelas que já referi acima (por sinal mal remuneradas), ainda seria possível aumentar mais as disparidades na distribuição do rendimento.

Uma das causas para o fosso existente na sociedade brasileira é a dimensão do número de pobres. Em profissões domésticas, por exemplo, é sempre possível arranjar alguém que queira fazer o mesmo trabalho por um valor infinitamente mais pequeno. Na teoria este valor pode chegar ao limiar mínimo de subsistência. Este facto é um reflexo de não haver oportunidades iguais na educação. Quem quer, tem de pagar um preço que milhares de famílias nem sonham. O caminho mais fácil para quem não usufrui deste privilégio é o banditismo e a violência.

Custa muito ver este desfile à frente dos olhos. No entanto, é difícil saír deste círculo vicioso. Como há violência, a segurança pode ser conquistada através de uma das seguintes formas: ou se oferecem oportunidades iguais a todos, assumindo-se um compromisso para acabar com esta desigualdade ou contrata-se mais um segurança privado. A segunda é mais barata, dá menos chatices, e a primeira infelizmente é ainda uma utopia.


A melhor auto-estrada de Ilha Comprida. 70 quilómetros de tapete, areia fina e plana. Pode encontrar surfistas ou outros banhistas no caminho, assim como objectos pessoais. Basta desviar-se. Sem limite de velocidade. Posted by Hello

terça-feira, abril 12, 2005

Iguape

Mais um fim-de-semana, mais uma viagem.

Iguape, 205 quilómetros a sudoeste de São Paulo, perdida na densa Mata Atlântica. Completamente isolada do mundo, não há meio de apanhar rede de telemóvel, e para lá chegar as estradas são bem piores do que as da última fuga, mal alcatroadas, e com direito a uma hora de caminho em terra batida. Eventualmente porque as praias do norte são mais bonitas e mais 'in'...

No entanto, Ilha Comprida não fica a perder em relação às suas irmãs do norte. Tratam-se de 70 quilómetros de praia, água quente, sendo que a ilha tem pouco mais de meio quilómetro de largura. Deu para experimentar o surf com a ajuda de um instrutor, e a experiência foi suficiente para perceber que nunca hei-de ser campeão mundial. É bastante mais complicado do que eu imaginava. Também uma estreia no rappel, que foi interessante. De negativo destaco a chuva (apenas duas horas de sol no domingo, que mais uma vez chegaram para queimar), a qualidade da camarata (mas quem paga 50 euros por um fim-de-semana destes com tudo incluído, comida, aulas e transporte não se pode queixar) e casas destruídas na praia, um atentado ambiental.

E os mosquitos, a partir do momento em que a turma Contacto esgotou o meu frasquinho de repelente, que sobrou de Cuba.

sexta-feira, abril 08, 2005

Praia !! + surf

Após uma semi-folga que foi passada a cadastrar-me na Polícia Federal Brasileira (que tratarei num post futuro), mais uma fuga. Destino: litoral sul de São Paulo, para uma clínica de surf.

All weekend long, just relaxing.

quarta-feira, abril 06, 2005

Nunca perder o norte!!

Sempre me ensinaram que o sol é um excelente ponto de referência quando nos perdemos. A rotação da terra sobre ela própria faz com que o sol nasce sempre a oriente e se ponha sempre a ocidente. Ou seja, quer estejamos no período da manhã ou da tarde, temos uma noção de alguns dos pontos cardeais apenas olhando para a posição do sol.

Durante o período do meio-dia, o sol atinge o máximo da sua altura, indicando o sul. Aliás, não é por acaso que a região setentrional francesa é apelidada de midi. Apenas há problemas quando as nuvens entimidam o sol ou durante a noie, a não ser que seja verão na região do círculo polar árctico.

Em São Paulo é fácil perder-se. Para saber que direcção tomar, um mapa e o sol podem ser suficientes para dar ajudas preciosas. No entanto, e tendo a noção da posição geográfica da minha residência, cheguei à conclusão que o meio-dia nunca poderia estar a apontar a sul. Estranhei. Estaria errado? O que se passa com o sol? Verifiquei novamente no mapa, e a minha observação estava correcta. Explicação: como a cidade encontra-se a sul da linha do Equador, o sol do meio-dia está virado para norte. Em vez da tradicional curva delineada da esquerda para a direita no nosso horizonte, aqui a trajectória é inversa.

terça-feira, abril 05, 2005

Inauguração do meia três

Finalmente casa nova!!!

Após 3 semanas terríveis passadas em hotéis e similares (exceptuando o valor acrescentado da piscina e do sauna), chegou um momento esperado há muito: a mudança definitiva de residência.
Um pequeno luxo, bem situado (perto do trabalho, dos restaurantes, da vida nocturna de São Paulo) e bem equipado. No passado sábado foi palco de uma pequena festa de inauguração, onde se proporcionou um agradável convívio bilateral.

Pode parecer um acto muito simples, mas na verdade é bem mais importante do que isto: esta etapa marca o regresso a um maior nível de responsabilidade e independência. Sempre foi uma ambição depois do regresso da Dinamarca e finalmente concretizou-se.

Só há um pequeno pormenor que me intriga: é porque raio insistem chamar o apartamento de meia três (número 63). É tão estranho como alguém ter um carro de nove meia (fabricado em 96). Se bem que com 3 semanas de Brasil...já não soa mal aos ouvidos.


A sala do meia três Posted by Hello