< Crónicas de Sampa: março 2005

quarta-feira, março 30, 2005

Manobrista

Imagine um dia da semana em que gosta de sair à noite. Local: Bairro Alto. Quinta, sexta ou sábado. Imagine um dia em que tem imensa vontade de sair, mas está a chover imenso. No entanto, a noite está animada e os locais de diversão apinhados de gente. Quer mesmo divertir-se e fugir à rotina. No entanto, com chuva e com muita gente a sair, vai haver o problema do estacionamento. Bairro Alto, por exemplo. Uma hora para arranjar lugar? Pode até nem ser tanto, mas com muito custo. Ah, o parque de estacionamento! Não, estão cheios, quer o do Largo de Camões quer o do Largo do Carmo. Está desesperado, não encontra lugar. Pode voltar a casa (para os que detestam andar à procura de lugar como eu).

São Paulo tem um negócio legal. Você chega à porta do seu restaurante ou bar preferido, e tem a opção de pedir a um manobrista para estacionar por você. É só deixar o carro com a ignição ligada à entrada do estabelecimento. O serviço é da responsabilidade da casa, e inclui seguro em caso de roubo. No final da noite, o mesmo manobrista vai ‘pegar’ o veículo, a troco de uma senha de identificação. Custo: 10 R$ em média (cerca de 3 euros).

Em São Paulo, com todos os seus problemas de tráfego e de estacionamento, é a regra. Casa que não tem este serviço estará sempre em desvantagem. Digam lá se em Lisboa não daria jeito ter um negócio assim...

Trocadilhos

Apuramento - apuração
Facturação - faturamento

terça-feira, março 29, 2005

Maresias

Maresias é um local muito bonito, enconstado entre o oceano Atlântico e a região montanhosa da costa entre São Paulo e Rio de Janeiro. Para lá chegar é necessário fintar um trânsito caótico até Santos. A partir daí, o passeio, mesmo de noite, é espectacular: estrada com uma sinalização do tipo da Austrália, bem alcatroada, a serpentear a serra numa zona protegida. No escuro sobressaíam o brilho das estrelas, longe das luzes da grande cidade, transmitindo uma sensação de grande liberdade. O próprio local, altamente turístico, surpreendeu pela positiva: em vez de prédios altíssimos como é hábito em estâncias turísiticas, encontrei maioritariamente pousadas com um ou dois andares no máximo.

No entano, São Pedro resolveu intrometer-se. À chegada ao destino, uma chuva torrencial acabara de inundar a rua onde fica a pousada. Como o Brasil é um país tropical a chuva até nem é desagradável, dá para refrescar. Sol, quando houve, foi para assar a comitiva Contacto. E não foi preciso muito...Está prestes a haver um concurso para saber qual é a lagosta mais vermelha. Banhos de mar excelentes, com água relativamente fria para os nativos (muito melhor do que Algarve diria eu). Ok, chega.

E, como não podia deixar de ser, caipirinhas na praia. Trouxeram boa disposição, variando para cada um na proporção directa da quantidade ingerida.


A praia Posted by Hello

quinta-feira, março 24, 2005

Praia!

Um primeiro desvio até ao litoral norte do Estado de São Paulo. Já é tempo de começar a fugir.

Maresias é o destino escolhido para o fim-de-semana prolongado. Prometo fazer invejas com fotografias!

São Paulo non-stop

São Paulo é uma cidade frenética. Com cerca de 12 milhões de habitantes apenas na cidade (uma média tendo em conta todos os valores diferentes que me são dados, o que me leva a concluir que nem eles sabem quantos são ao certo), apenas se nota um esvaziamento ao fim-de-semana, quando a maior parte das pessoas aproveita os últimos raios do Verão. Hoje, véspera de feriado, prevê-se que cerca de um milhão de veículos deixem Sampa para se dirigirem ao litoral.

Durante a semana, há movimento a qualquer hora do dia ou da noite, e uma grande oferta de restaurantes, bares e baladas (discotecas), que estão quase sempre cheios (aplica-se apenas aos bairros que frequento, os melhores da cidade). O paulistano típico (paulista é a designação para quem mora no estado de São Paulo) levanta-se cedo para não apanhar trânsito, trabalha até às 18h e depois tem pelo menos 3 saídas durante a semana, com trabalho no dia seguinte. É o ritmo da cidade, pois vale sempre a pena saír, há sempre um lugar interessante para conhecer.

Ou seja, 9 meses não chegam para conhecer tudo...

quarta-feira, março 23, 2005

Londres

O primeiro extra da aventura no estrangeiro. Nunca tinha estado no Reino Unido, e sinceramente nem fiquei muito chateado quando fui informado que o meu vôo para Londres tinha sido antecipado. Afinal de contas, 10 horas de escala deram para apanhar um metro e visitar Londres, com a generosa contribuição do Hugo Veiga.

Piccadilly Circus, onde pude observar a parada de St. Patrick?s Day (padroeiro da Irlanda), Big Bem, rio Tamisa, Buckingham Palace, St. James Park, Hyde Park e Stamford Bridge (estavam paradas duas limusinas à porta do estádio, até podiam ser do Roman Abramovitch). Mais seria difícil, pois ainda houve três horas de viagens pelo meio entre a cidade e os diferentes terminais do aeroporto. E algum frio, como não podia deixar de ser.

Não gostei de uma coisa: é difícil encontrar caixotes do lixo. A psicose do terrorismo está em alta em terras de Sua Majestade: devem ter medo que sejam colocadas bombas nestes recipientes tão úteis no quotidiano de cada um. De resto, gostei do que vi. Pena não poder ter visitado mais, mas mais vale pouco do que nada.

Posted by Hello


The Big Ben Posted by Hello

domingo, março 20, 2005

Chegada né?

Amigos, finalmente as primeiras notícias em terras brasileiras!

Foi extremamente complicado escrever textos durante esta primeira semana. A chegada a um país novo, com assuntos urgentes para tratar (telemóveis, mas principalmente casa), foi inimiga destas linhas que estou a tentar redigir há 6 dias, desde a data que cheguei. E porquê? Para relatar a primeira impressão que tive de São Paulo, metrópole imensa a não perder de vista.

Para começar, duas horas na alfândega à espera de ser 'cadastrado'. Riem-se, mas já começo a falar brasileiro, de tanto estar habituado a ouvir este sotaque tropical. Tendo em conta o sono, o peso da mochila e o calor abafado, não foi muito agradável. Mas comparando com o que se seguiu, até não foi nada de especial: foram necessárias duas horas para chegar até casa, para atravessar cerca de 30 quilómetros. O trânsito é completamente caótico, pois os transportes públicos não existem na cidade (tendo em conta a sua dimensão relativa). Prédios altíssimos, um rio altamente poluído (Tietê). Assustei-me. A imagem que todos nós temos do Brasil não tinha nada a ver com o que se me deparava pelos olhos.

Pensei logo, vou passar aqui 9 meses. E pensei também: não cheguei ao Brasil. Cheguei a uma mega cidade, que nunca dorme. A terceira do mundo. Até pode ser na América Latina, mas não deixa de ser um desafio espectacular.

Podem aguardar mais notícias a partir de agora!

sábado, março 12, 2005

Partida

Faltam menos de 24 horas para iniciar a grande viagem para São Paulo. O ICEP reservou-me uma bela passagem por Londres (para ser preciso 10 horas de espera) para assim poder visitar o casal de príncipes como a minha primeira missão diplomática. Bom, agora mais a sério: sinto o nervosismo à flor da pele, a aumentar à medida que a partida se aproxima. Às sensações de medo, incerteza e risco contrapõe-se o imenso prazer em voltar a fugir da rotina, viajar para um país novo e ter possibilidades de o atravessar de lés a lés.

Não sei bem o que me espera, a não ser uma primeira semana de loucos. Arranjar casa, instalar-me confortavelmente, tratar de assuntos burocráticos, tentar conhecer a cidade e pessoas parecem tarefas hercúleas e quase impossíveis de completar durante este período de tempo (pelo menos todas juntas). Quero também começar a trabalhar o mais rapidamente possível, para me integrar com maior facilidade no meu novo quotidiano.

Depois de ter estabilizado a vida, começar a planear alguma praia, pois parece que a época alta brasileira está quase no seu final. Paraty, Ilha Grande, Búzios, foram alguns dos destinos que me foram sugeridos. Sim, e não fiquem com inveja, pois eu não vou ter direito a praia durante o 'Inverno austral'...

Até Sampa meus amigos!

segunda-feira, março 07, 2005

O início

Porquê agora, porque tão tarde poderão perguntar muitos de vocês?
É um facto que conheço o universo da blogosfera há algum tempo. Podia ter começado durante a minha estadia na Dinamarca, mas acabei por não fazê-lo por preguiça e não por falta de meios, como cheguei a invocar. Ao perceber a dimensão do fenómeno, acabei por arrepender-me de não ter iniciado a aventura. É muito mais complicado iniciar uma página pessoal sem ter um pretexto interessante. Que, no entanto, chegou. A minha ida para São Paulo, no âmbito do programa Contacto, ressuscitou as ambições que vinham do passado. O blogue será um canal privilegiado afim de todos conhecerem os relatos das minhas aventuras em terras de Vera Cruz, e também uma maneira de poder partilhar as emoções com os leitores.
Antes de terminar, duas palavras de agradecimento: uma a todos os C8 que já têm blogue, cujo empreendedorismo e adesão à causa me levou a entrar neste mundo, mas especialmente a ti que andas nestas andanças há quase dois anos, pois o teu trabalho e persistência levaram-me a concluír que vale a pena iniciar este projecto.