< Crónicas de Sampa: outubro 2005

quarta-feira, outubro 26, 2005

Skye - um dos melhores bares da cidade de São Paulo. Por incrível que pareça, nunca falei do mesmo nesta página. Não sei se era pelo facto de ir lá muitas vezes, ou ainda pelo facto de não ter uma imagem que pudesse explicar melhor o que se sente quando se vai lá.

É um destino obrigatório para qualquer visitante da cidade. A vista que se tem da cobertura é excepcional e deixa qualquer um de boca aberta. Consegue-se ter uma pequena ideia da dimensão da cidade.

Durante o dia, o lugar não tem muita piada. Como São Paulo é uma cidade que vive essencialmente à noite, é durante este período que vale bem a pena uma visita. Pena que a fotografia não consegue expressar a grandeza do que está à volta. Quem conhece, sabe.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Plebiscito II

Só um pequeno comentário aos resultados do referendo realizado ontem no Brasil. O "não" venceu, ou seja, a comercialização de armas de fogo vai continuar a ser permitida, tal como era antes desta data. Em termos práticos, nada vai mudar (nem mudaria muito em caso de resultado contrário), e consigo vislumbrar os seguintes resultados: primeiro, gastaram-se rios de dinheiro para organizar esta votação; segundo, gastou-se o tempo de todos os eleitores brasileiros que eram obrigados a votar.

O mais interessante de todos: o caso do mensalão não foi falado nos media durante umas belas semanas. Como se o referendo tivesse sido utilizado como uma manobra de diversão.

sábado, outubro 22, 2005

Plebiscito

Amanhã é um dia muito importante na história do Brasil. Vai ser referendado um tema muito delicado e que divide profundamente a sociedade: a proibição (ou não) da comercialização de armas de fogo. Num país que é confrontado todos os dias com uma violência incomparável esta discussão alcança contornos de vida ou de morte, para cada lado da barricada.

De um lado, os defensores da proibição. Alegam que esta nova lei irá levar a uma diminuição do número de mortes por uso injustificado de arma de fogo. Para além disso, argumentam também que muitas armas legais acabam por parar nas mãos dos bandidos, incrementando a violência. Do outro lado, os partisantes do não. Defendem que os traficantes já têm armas mais do que suficientes e muito mais poderosas do que as que são permitidas por lei, e que a proibição apenas vai dar a certeza ao bandido que a sua potencial vítima está desarmada.

Como podem ver é um tema muito delicado. Todos os canais de televisão interrompem a sua emissão e transmitem em simultâneo (!) os tempos de antena de cada uma das campanhas. Que não tem nenhuma força política envolvida. Ninguém se quer comprometer com o assunto.

É isso que me choca em todo o processo: como o Governo não quer decidir sobre o tema, apenas decidiu que seria o povo a decidir. É uma boa forma de lavar as mãos. Assim, seja qual for o resultado da votação (e sinceramente não vejo grandes mudanças em caso de vitória do "sim"), o Governo de Brasília poderá sempre responsabilizar o povo pela situação do país.

É um exemplo de fragilidade governativa.

sexta-feira, outubro 21, 2005

As novas tendências exóticas do Brasil - estão em cima da mesa, ou melhor ainda, prontas a beber. Entre as várias possibilidades de escolha, a dupla criativa J&J sugere:
- vodka tang morango;
- caipirinha de pêra batida;
- vodka com gatorade e gelo triturado.

Ficamos à espera de novas sugestões.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Búzios e Cabo Frio

Depois de uma semana cansativa na Logoplaste, uma aventura marada para distraír no fim-de-semana. Destino: Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro, cerca de 600 quilómetros de viagem. Como extra, fazer a viagem numa sexta-feira e apanhar o trânsito de duas das maiores cidades da América Latina: a ponte Rio-Niterói ficará para sempre na minha memória como das mais difíceis de atravessar.

Depois de muita paciência e quase 9 horas de estrada, chegada a Cabo Frio. Os trovões que iluminaram o nosso caminho também andavam à volta da cidade, deixando antever um fim-de-semana com meteorologia pouco agradável (aliás, uma constante em cada descida até ao litoral). E assim foi, para meu grande desgosto. A praia sem bom tempo não tem o mesmo encanto, o que valeu foi o dia de domingo, que com algumas abertas permitiu apreciar a beldade de duas praias da península de Búzios.

Búzios é a St-Tropez do Brasil. Ficou famosa com sucessivas visitas da Brigitte Bardot ao longo da década de 60. Talvez por esta mesma razão, a cidade é excessivamente elitista. Restaurantes e pousadas caros, mas o que mais impressiona é não ver ninguém mestiço (os que se vislumbram trabalham nos estabelecimentos, e não se deve esquecer que eles representam o maior grupo étnico do Brasil). Não gostei muito da cidade por essa razão. Gosto de ambientes mais descontraídos, mais populares. Os habitantes de Cabo Frio, cidade que dista cerca de 25 quilómetros de Búzios, não frequentam esta última. Sentem que não é para eles.

Mais um destino riscado do mapa. Valeu pela beleza da praia das Conchas, e pela companhia ao longo de todo o fim-de-semana.


segunda-feira, outubro 17, 2005

Breves - passa pouco das 7h da manhã, no novo horário de São Paulo. Acabei de chegar a casa, ontem às 23h encontrava-me ainda a jantar no Rio de Janeiro. A viagem de ónibus é muito legal, e deu para dormir como deve ser. Agora é tempo de regressar ao trabalho, como podem ver o fim-de-semana foi aproveitado ao máximo.

Antes de me alongar sobre o passeio a Búzios / Cabo Frio (que ficará para a próxima postagem), quero só dizer que ainda bem que o Co apenas viu adeptos do Benfica a acenar-lhe com lenços brancos.

Pode ser que ele fique por muito tempo.

sexta-feira, outubro 14, 2005

A próxima semana - promete melhorias na minha qualidade de vida. Para além de deixar de ouvir a maldita palavra budget, vou finalmente poder começar a apreciar um dos luxos do edifício onde resido, a piscina situada no décimo quinto piso.

É que vai chegar o horário de Verão, e a estação de nome idêntico anda no ar. O anoitecer apenas vai acontecer por volta das 19h30, pelo que muitos dias de trabalho já têm um destino reservado. Já não era sem tempo.

É a minha vez de começar a fazer inveja com a meteorologia.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Quarta-feira - dia aparentemente normal, levanto-me apenas ligeiramente mais tarde do que o costume. A casa está mais desarrumada do que o normal, devido a uma festa bem animada ocorrida na véspera no meia-três.

A rua está mais deserta do que é hábito. Nem preciso de olhar para atravessar a Rua Gomes de Caravalho, a última antes de chegar ao meu destino final, o escritório da Logoplaste. Os restaurantes estão na sua esmagadora maioria fechados, o rapaz que costuma engraxar os sapatos a quem tem preguiça de o fazer (como eu) não está na esquina onde costuma ficar.

Lá dentro da empresa, os servidores estão em baixos, não tenho Outlook nem internet. Acesso apenas à rede interna para fazer o que me compete, trabalhar. Começa mal, e para piorar só faltaram umas chamadas e mensagens. "Ah e tal, estamos no Guarujá na praia, está um dia muito bonito". Ou ainda: "já acordaram? vão ter ao Parque Ibirapuera daqui a pouco, está um dia tão bonito". Melhor ainda: "estou a curar a ressaca na piscina".

Ingratos.

sábado, outubro 08, 2005

A cada dia que passa - existe a possibilidade de descobrir uma nova gíria da língua portuguesa, e por vezes até em sítios que nunca poderia imaginar. O último ocorreu há pouco, no final de mais uma semana de trabalho, e foi encontrado...num dicionário. Onde fiquei a saber que o mesmo pode ser apelidado de...

pai-dos-burros.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Minas Gerais - Dia 2

O segundo dia de visitas ao Estado de Minas Gerais começou bem cedo, que era para conseguir fazer tudo o que estava originalmente planeado. Para começar, Ouro Preto, cidade classificada como Património da Humanidade pela UNESCO. Trata-se de uma cidade completamente isolada no meio das montanhas mineiras, e que devido ao seu relevo extremamente acidentado exigiu um esforço físico extra, o que tendo em conta a qualidade e quantidade dos cafés da manhã que nos foram servido até nem foi mau de todo.

A primeira atracção do dia foi a visita a uma mina de ouro. Foi algo completamente diferente do que eu estava à espera: em primeiro lugar, a mina encontra-se dentro da própria cidade, e mais engraçado ainda, o seu acesso é feito através de uma propriedade privada; em segundo lugar, trata-se de uma mina escavada horizontalmente, e que é diferente daquela ideia tradicional que as minas ficam nas profundezas; em terceiro lugar, não logramos encontrar ouro. A cidade serviu ainda para tirar uma série de fotografias, sendo que algumas ficaram manchadas devido à existência de cabos em quase todas as ruas. Ainda tempo de visitar outro museu e seguir em direcção a Mariana.

Mariana deve o seu nome à esposa de D. João V, D. Maria Ana de Áustria. Os retratos de ambos continuam expostos no edifício da Câmara Municipal, que aliás foi a primeira de todo o Estado de Minas Gerais. A visita a esta cidade, que dista cerca de 20 quilómetros de Ouro Preto, foi relativamente curta, mas rendeu imenso graças a um guia local que nos ofereceu uma bela visita guiada a troco de 20 reais, uns 7,50 euros ao câmbio actual. Ficamos a conhecer muitas das obras de António Francisco Lisboa, mais conhecido como o Aleijadinho. A sua alcunha deve-se ao facto de ter vivido a maior parte da sua vida com deficiências físicas, sem que isto tenha sido impeditivo de continuar as suas obras, também graças à ajuda de três escravos. As mais importantes delas todas situam-se em Congonhas do Campo, o destino seguinte: doze estátuas representando os Doze Profetas do Antigo Testamento, majestosamente expostas em frente ao Santuário do Bom Jesus de Matozinhos.

Após terminadas todas estas visitas, foi tempo de começar a regressar, cortar um pedaço do caminho que nos separava de São Paulo. O destino escolhido para pernoitar foi o mais agradável deles todos: Tiradentes, nome dado em homenagem a um dos heróis da Inconfidência Mineira (primeiro movimento independentista do Brasil) e Patrono Cívico da Nação Brasileira. Trata-se da cidade mais pequena, e por isso também aquela que foi mais fácil de preservar ao longo do tempo.

No dia seguinte o regresso à selva de pedra. Ao todo, 1431 quilómetros percorridos. E imensas estórias para um dia mais tarde contar.

Ouro Preto - um cantinho preservado

Esta é a entrada para uma antiga mina de ouro!!

Os portugueses não deixaram cá nada!!

O edifício da Câmara Municipal de Mariana - o primeiro edifício de dois andares em Minas

As 12 estátuas dos profetas em Congonhas do Campo


Tiradentes, última paragem: Igreja Matriz de Santo Antônio