< Crónicas de Sampa: agosto 2005

terça-feira, agosto 30, 2005

POA

O sul do Brasil foi novamente o destino de mais uma viagem.

Desta vez o destino foi o Estado mais setentrional do Brasil, Rio Grande do Sul, mais precisamente à capital, Porto Alegre. Os seus habitantes, mais conhecidos por gaúchos, têm um sotaque trilegal, com expressões tão sui generis como bah ou ainda onde tu vai (uma estranha forma de conjugar a segunda pessoa).

Além disso, a cidade identifica-se perfeitamente com as outras capitais do Sul, como Curitiba e Florianópolis. Mais organização, mais qualidade de vida, distribuição de rendimentos mais equilibrada, mais frio e mais colonização europeia. A única grande diferença é a ausência de prédios muito altos, e também uma reduzida oferta de serviços (trata-se de uma opinião já muito parcial, pois a minha base de comparação é São Paulo). A visita à baía de Guiabá ou Goiaba como foi carinhosamente apelidada pelo pessoal C8 poderia ser o ex-líbris turístico da cidade mas a chuva tratou de estragar a vista.

Do sul, só já falta Foz do Iguaçú e talvez Blumenau, por altura da Oktoberfest. Depois, praia, que o Inverno brasileiro promete ser curto!

sexta-feira, agosto 26, 2005

Eu já disse - que não tenho nada contra o português do Brasil. No entanto, quando tenho de redigir um documento, devo dizer que o corrector automático do Word instalado no meu computador é muito, muito chato.

quarta-feira, agosto 24, 2005

A Portuguesa dos Desportos - é um clube muito simpático, cujo estádio Canindé fica na zona norte da cidade, juntinho ao Rio Tietê. Como o nome assim o indica, é um clube que foi fundado pela comunidade lusitana, no entanto faltava saber qual é o tipo de pessoas que torce pela Lusa. Será que seriam apenas velhotes que chegaram ao Brasil há 50 anos? Nada como assistir a um jogo de futebol para tirar tudo a limpo.

O jogo em si era completamente secundário para mim, apesar de ser importante para ambas as equipas. Queria sentir o ambiente, e sobretudo saber se a Portuguesa era mais brasileira ou portuguesa. E para minha agradável surpresa, constatei que é um clube que se mantém atado às suas raízes. Para começar, foi possível ver imensos adeptos com camisolas do Figo, de vários clubes nacionais (até Marítimo e Leiria) além das verde-rubras do clube local. E como é tradicional mesmo até em Portugal, não faltaram os tremoços, os pastéis de bacalhau (à moda portuguesa) e até o Caldo Verde. Para ser perfeito só faltaram as Sagres e as Super Bock.

A assistência foi outra surpresa: encontrei não só os velhotes que são autênticas réplicas daqueles que se encontram no estádio da Luz, mas também filhos e netos, exibindo com orgulho as cores nacionais.

Não há outro lugar onde me pudesse sentir mais em casa neste país.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Curiosidade - no Brasil a telenovela passa sempre antes do futebol.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Chegou - o dia que a comunidade Contacto tanto aguardava, desde o início do Inverno (Verão para alguns...). A partir desta data, os assuntos debatidos por e-mail ao longo do dia já não vão ser os próximos planos de viagens, ou as festas e baladas que se pretendem combinar, nem sequer as contratações do SLB.

Vai começar a Superliga. Boa sorte a todos!

sexta-feira, agosto 12, 2005

Roteiro turístico (versão BR) - Aproveite suas férias e viaje pela Europa! Para começar bem, nada como uma visita à capital dos espanhóis, Madri. Depois disso, faça um desvio até à cidade de Amsterdã, onde você poderá conhecer uma das cidades mais liberais de todo o mundo. Siga então de carro até Hamburg, um dos maiores portos comerciais de todo o Velho Continente. Uma visita à charmosa Copenhagen não pode ficar fora dos planos, e para terminar em beleza nada como conhecer a cidade sede de um dos últimos grandes bastiões comunistas, Moscou.

quarta-feira, agosto 10, 2005

Em vez de mensalão - podiam chamar-lhe mensalada.

terça-feira, agosto 09, 2005

São Bento do Sul

Este fim-de-semana teve como objectivo retribuír visitas que a comunidade C8 de São Paulo já recebeu. O felizardo (ou a vítima?) foi o Pedro Cruz, ele que se encontra profundamente desterrado num lugar perto da divisa entre o Paraná e o Estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil.

Esse lugar chama-se São Bento do Sul. Situado a cerca de 80 km de Curitiba, é uma cidade tradicional do interior brasileiro, e que tem duas comparações possíveis: uma com o interior português, pela reduzida oferta de diversões durante o fim-de-semana e outra com a Alemanha, pelo facto de grande parte dos estabelecimentos e nomes de ruas serem de origem germânica. Até na própria população predominam os loiros altos e de olhos claros. De resto, duas discotecas, um boliche, uma churrascaria e um shopping center. Eu não sei se aguentava viver nessa cidade durante um tempo superior a um mês.

No entanto, a companhia é que foi o motivo da viagem, e para dizer a verdade foi em São Bento do Sul que voltei a reencontrar chouriços, bacalhau e algo como Aguardente Bagaceira São Domingos. O último é impossível de ser consumido sem os dois primeiros. Faltaram os prometidos pastéis de Belém, mas estes poderão eventualmente ser servidos aquando da primeira jornada do campeonato nacional. A grande chatice da viagem foi mesmo o regresso: ao todo, onze horas para chegar a casa.

Maldita Rodovia Regis Bittencourt.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Balanço

Lentamente, o tempo vai fluíndo. Sem realmente dar conta do facto, a verdade é que o meu estágio já chegou a meio, e não tarda estarei de volta a Portugal. Pela primeira vez, é tempo de fazer um balanço mais sério sobre esta maravilhosa experiência que estou a viver.

A adaptação não foi difícil. Viver numa cidade enorme como São Paulo revelou-se menos complicado do que estava à espera, e foi consequência de dois factores: a solidariedade intra C8 São Paulo e a ajuda prestada por ex-contacteantes e amigos brasileiros de Erasmus, a quem eu presto agora os meus sinceros agradecimentos. O estágio tem decorrido dentro das minhas expectativas e sei que a experiência vai ser muito boa quer do ponto de vista profissional quer do ponto de vista pessoal.

O que me surpreendeu pela positiva? Em primeiro lugar a dinâmica económica desta cidade. Há sempre algo para fazer durante 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano. Há restaurantes e supermercados que nunca encerram, a oferta de baladas é extremamente diversificada e atractivos culturais também não falta, para quem tem disponibilidade. Depois, e ao contrário do que se poderia pensar, trabalha-se bem em São Paulo, e a maioria dos profissionais de topo são tão bons ou melhores ainda do que os da Europa. A simpatia do povo brasileiro é algo contagiante e que marca quem vem de fora, o sorriso é uma regra comum quando se entra dentro de qualquer casa. E para viajar, o território do Brasil possui uma fonte quase inesgotável de destinos para quem deseja novas aventuras.

Pontos menos positivos existem, mas já os esperava. Poluição, extrema riqueza a conviver junto com extrema pobreza, sem que haja uma grande vontade de mudança. Também a loucura do trânsito e de todos os condutores de São Paulo, regra geral.

Então, e o que há mais, o que mudou realmente? A maior mudança é mesmo a imagem do Brasil e do seu povo. Quatro meses e meio a morar neste país e a conviver com as suas gentes alterou completamente a minha mentalidade, permitiu a quebra de todos os preconceitos que tinha em relação a este canto tão distante e ao mesmo tempo tão próximo. Até na língua, já não penso que o português do Brasil é menos correcto do que o português de Portugal: cada uma é o que é, têm de ser encaradas como línguas diferentes. Trata-se de um país bem mais desenvolvido do que eu pensava, em que os maiores problemas são a corrupção do poder político e a gritante desigualdade entre diferentes classes sociais. Se não fosse este fenómeno, o Brasil poderia ser um dos melhores países no mundo para se viver.

Eu já pude sentir a dimensão desta realidade. Sei que o tempo que falta vai esgotar-se rapidamente, e não quero desaproveitar nem mais um segundo.

quinta-feira, agosto 04, 2005

Notícia - "...às 14h36 [de sábado 30 de Julho] vai nascer em algum lugar do Estado o paulista número 40 milhões (...) considerando as tendências de menor crescimento nos próximos anos e projeções para 2020, que apontam para 48,7 milhões de pessoas, o paulista 50 milhões deverá nascer em 2023."

Jornal O Estado de São Paulo, sábado 30 de Julho de 2005

terça-feira, agosto 02, 2005

Taxistas - alguns deles acham que eu sou argentino.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Monte Verde

Pela primeira vez desde que cheguei ao Brasil, decidi viajar por minha conta por este país fora. Aventura total, sem nada marcado à saída de casa. Partida sábado de manhã e regresso domingo à noite. Valeu bem a pena.

Destino: Monte Verde, no sul do Estado de Minas Gerais, a 170 km da cidade de São Paulo. Sem carro, decidi utilizar ao máximo os transportes públicos para chegar ao destino. Só não evitei o percurso de minha casa até à estação mais próxima do metrô (de taxi para variar), de onde segui até ao Terminal Rodoviário do Tietê, como sempre apinhado de gente. Primeira viagem até Camanducaia, e dali para Monte Verde. Ao todo, 4 horas para lá chegar. A cidade é um destino turísito tradicional no Inverno (especializada no turismo para dois), e tenta recriar um ambiente alpestre e europeu. Até há algumas razões que fundamentam esta escolha: o clima (frio nesta época do ano) e a altitude são estranhos à maior parte das pessoas aqui no Brasil. No entanto, existe tanta vontade de imitar os Alpes que não se encontra quase nada de tradicional da região de Minas Gerais. A maior parte das construções são chalês, e quanto a restaurantes, exceptuando um ou outro, os tradicionais são de fondue (carne, queijo e chocolate). No entanto, há uma coisa característica da região e que eu irei recordar: a simpatia de toda gente, que sabe receber os seus visitantes e bem.

Depois de ter conseguido arranjar dormida, foi tempo de partir para a aventura. Objectivo: Pedra Redonda, a 1990 metros de altitude. Parece impossível chegar lá acima, mas à medida que se vai subindo fica-se surpreendido com a facilidade da trilha. Duas horas depois, o prémio sublime. Chegava ao topo, e à minha frente estava uma paisagem fantástica. De um lado, o estado de São Paulo coberto por uma nuvem escura de poluição, e a cidade de São José dos Campos; do outro lado, o Estado de Minas Gerais, Monte Verde e uma paisagem predominantemente verde. Não apetecia mesmo saír dali...no entanto teve de ser, o dia já ia adiantado e o pôr do sol tornaria a descida pela floresta demasiado perigosa.

Domingo, nova trilha, a ser realizada o quanto antes possível pois o último ônibus com correspondência para São Paulo saía de Monte Verde às 15h. Depois de um óptimo café da manhã, mais duas horas de caminho para atingir novo objectivo, o pico do Selado (2083 metros). Uma trilha com um grau de dificuldade maior do que a do dia anterior, mas que também permitiu ver paisagens belíssimas. Como já não houve o impacto da novidade, achei a trilha de sábado mais interessante.

Tanta caminhada deixou-me cansado. A viagem de regresso foi aproveitada para dormir um pouco, e também para saborear todos os momentos do fim-de-semana. Amanhã, regresso à Dr. Cardoso de Mello 1608 para mais uma jornada de trabalho.

Que vida louca!


Primeiro objectivo, alto da Pedra Redonda. Difícil? Nem por isso... Posted by Picasa


Alto da Pedra Redonda, divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Ao fundo, uma mancha de poluição impressionante Posted by Picasa


O lado de Minas Gerais Posted by Picasa


As construções típicas da cidade Posted by Picasa


O aeroporto mais alto do Brasil (só para aviões privados...) Posted by Picasa


A trilha de domingo, vista sobre a Serra da Mantiqueira Posted by Picasa