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sexta-feira, agosto 05, 2005

Balanço

Lentamente, o tempo vai fluíndo. Sem realmente dar conta do facto, a verdade é que o meu estágio já chegou a meio, e não tarda estarei de volta a Portugal. Pela primeira vez, é tempo de fazer um balanço mais sério sobre esta maravilhosa experiência que estou a viver.

A adaptação não foi difícil. Viver numa cidade enorme como São Paulo revelou-se menos complicado do que estava à espera, e foi consequência de dois factores: a solidariedade intra C8 São Paulo e a ajuda prestada por ex-contacteantes e amigos brasileiros de Erasmus, a quem eu presto agora os meus sinceros agradecimentos. O estágio tem decorrido dentro das minhas expectativas e sei que a experiência vai ser muito boa quer do ponto de vista profissional quer do ponto de vista pessoal.

O que me surpreendeu pela positiva? Em primeiro lugar a dinâmica económica desta cidade. Há sempre algo para fazer durante 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano. Há restaurantes e supermercados que nunca encerram, a oferta de baladas é extremamente diversificada e atractivos culturais também não falta, para quem tem disponibilidade. Depois, e ao contrário do que se poderia pensar, trabalha-se bem em São Paulo, e a maioria dos profissionais de topo são tão bons ou melhores ainda do que os da Europa. A simpatia do povo brasileiro é algo contagiante e que marca quem vem de fora, o sorriso é uma regra comum quando se entra dentro de qualquer casa. E para viajar, o território do Brasil possui uma fonte quase inesgotável de destinos para quem deseja novas aventuras.

Pontos menos positivos existem, mas já os esperava. Poluição, extrema riqueza a conviver junto com extrema pobreza, sem que haja uma grande vontade de mudança. Também a loucura do trânsito e de todos os condutores de São Paulo, regra geral.

Então, e o que há mais, o que mudou realmente? A maior mudança é mesmo a imagem do Brasil e do seu povo. Quatro meses e meio a morar neste país e a conviver com as suas gentes alterou completamente a minha mentalidade, permitiu a quebra de todos os preconceitos que tinha em relação a este canto tão distante e ao mesmo tempo tão próximo. Até na língua, já não penso que o português do Brasil é menos correcto do que o português de Portugal: cada uma é o que é, têm de ser encaradas como línguas diferentes. Trata-se de um país bem mais desenvolvido do que eu pensava, em que os maiores problemas são a corrupção do poder político e a gritante desigualdade entre diferentes classes sociais. Se não fosse este fenómeno, o Brasil poderia ser um dos melhores países no mundo para se viver.

Eu já pude sentir a dimensão desta realidade. Sei que o tempo que falta vai esgotar-se rapidamente, e não quero desaproveitar nem mais um segundo.

2 Comments:

At 4:01 da manhã, Blogger laranjeiro said...

e os amigos estao felizes por te estares a adaptar tao bem
abraço

 
At 11:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Amei o blog!!! Escreves muito bem e ainda gostaste do Brasil. Fiquei muito feliz!!!
Bjs da amiga do sul

 

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