Plebiscito
Amanhã é um dia muito importante na história do Brasil. Vai ser referendado um tema muito delicado e que divide profundamente a sociedade: a proibição (ou não) da comercialização de armas de fogo. Num país que é confrontado todos os dias com uma violência incomparável esta discussão alcança contornos de vida ou de morte, para cada lado da barricada.
De um lado, os defensores da proibição. Alegam que esta nova lei irá levar a uma diminuição do número de mortes por uso injustificado de arma de fogo. Para além disso, argumentam também que muitas armas legais acabam por parar nas mãos dos bandidos, incrementando a violência. Do outro lado, os partisantes do não. Defendem que os traficantes já têm armas mais do que suficientes e muito mais poderosas do que as que são permitidas por lei, e que a proibição apenas vai dar a certeza ao bandido que a sua potencial vítima está desarmada.
Como podem ver é um tema muito delicado. Todos os canais de televisão interrompem a sua emissão e transmitem em simultâneo (!) os tempos de antena de cada uma das campanhas. Que não tem nenhuma força política envolvida. Ninguém se quer comprometer com o assunto.
É isso que me choca em todo o processo: como o Governo não quer decidir sobre o tema, apenas decidiu que seria o povo a decidir. É uma boa forma de lavar as mãos. Assim, seja qual for o resultado da votação (e sinceramente não vejo grandes mudanças em caso de vitória do "sim"), o Governo de Brasília poderá sempre responsabilizar o povo pela situação do país.
É um exemplo de fragilidade governativa.
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