Festas juninas - Tal como sucede nesta altura do ano em Portugal, o Brasil também comemora neste mês de Junho os santos populares. A origem destas festas é muito anterior ao tempo do catolicismo, e o seu motivo era (é) a ocorrência no hemisfério norte do solistício de Verão. Nestas ocasiões, pedia-se colheitas férteis e chuvas abundantes para o ano vindouro.
Ao longo do tempo, estas festas foram dissimuladas dentro do calendário católico, aproveitando datas festivas que já existiam nos hábitos e costumes dos povos para nelas celebrar os seus mártires. Foi esta a táctica secular da Igreja Católica para permitir a adesão de mais fiéis, pois torna-se menos conflituoso para as populações adaptar uma nova religião cujas festas coincidem no tempo com aquelas que sempre festejaram. Outro exemplo de celebrações de origem pagã para além das festas juninas é o Natal, que assinala o solstício de Inverno.
Depois de adaptadas por toda a Cristandade, mas nomeadamente em Portugal, a colonização portuguesa também encarregou-se de trazer para o novo Continente os seus costumes e tradições. As festas repetiram-se ao longo dos séculos e hoje até já
perderam a designação inicial de festas dos
santos populares, para ser apelidadas de
festas juninas. O Santo António, santo
casamenteiro até tem outra curiosidade: deu origem ao dia dos namorados no Brasil, que é celebrado no dia 12 de Junho. Apesar destas diferenças, deparei-me perante muitos dos lugares que ontem se preparavam para assinalar esta data, e concluí que elas ainda têm muito a ver com Portugal: a decoração, a alegria, e a presença das classes populares.
Há muitas ocasiões em que sinto que o Brasil, país colonizado, fez muito para se afastar da metrópole, para ser
diferente. Mas também há momentos em que penso que por muito tempo que passe será impossível apagar a nossa presença neste país. Estas festas, enraizadas nos hábitos do povo, ilustram-no bem.