< Crónicas de Sampa: Ilhabela

segunda-feira, setembro 05, 2005

Ilhabela

Depois de uma noite mal dormida, nada melhor do que um passeio para acordar. A aventura começou no sábado, e o destino foi Ilhabela, que fica a cerca de 200 quilómetros de São Paulo. Trata-se como o próprio nome indica de uma ilha, sendo que 85% do seu território é coberto por uma densa vegetação de mata atlântica, muito comum no sudeste do Brasil. Este facto origina uma das maiores desvantagens de uma visita à ilha: a existência de muitos mosquitos, especialmente pernilongos e borrachudos. Nem pensem em não levar repelente de insectos: é uma autêntica carnificina.

Como a chegada à ilha foi relativamente tardia (sábado às 14h) e ainda foi necessário andar à procura de alojamento para passar a noite, o fim-de-semana rendeu essencialmente pelo domingo. Uma trilha de jipe para atravessar a ilha de leste para oeste (a ilha é muito montanhosa e qualquer lugar é de difícil acesso) para chegar à praia dos Castelhanos, onde vive uma comunidade completamente isolada do mundo exterior. Até foi extremamente curioso que demos carona (boleia) a uma pessoa que vivia nesta mesma comunidade, sendo que o tempo normal que o sujeito levaria a percorrer toda a distância seria de 4 horas. Como a estrada era sinuosa, o jipe apenas conseguiu demorar metade do tempo!

Para dizer a verdade, nunca mais se chegava ao destino. Pedras, árvores, troncos, outros obstáculos, rios, tudo servia para dificultar o caminho. No entanto, a recompensa à chegada foi maravilhosa: para além do aparecimento do sol, uma paisagem típica de postal, daquelas que me faz lembrar que sim, estou no Brasil. Infelizmente as minhas previsões saíram furadas e fiquei a admirar a restante comitiva em belos banhos de praia, enquanto me enchia de repelente para suavizar o ataque feroz da bicharada.


Depois, outra paragem, desta vez envolvendo uma trilha a pé. 40 minutos a subir a encosta pelo meio da serra (em que o guia se divertia a dizer que poderíamos encontrar cobras) até chegar ao momento em que a verdura desaparece e dá lugar a uma mágnifica queda de água com 80 metros de altura. Meia-hora para o espanto, tirar fotografias e guardar aquelas paisagens na memória. Sim, porque tenho a consciência que dificilmente as voltarei a ver. E depois o regresso, primeiro duas horas de jipe, com um furo pelo caminho, e depois barco (para chegar ao continente) e carro até São Paulo.



As picadas dos borrachudos continuam a incomodar um pouco, mas a visita valeu bem a pena. Agora está prestes a chegar a primeira visita, dos meus queridos pais. Foz do Iguaçú espera por nós em breve!