Brasília - um pouco de História
Devo confessar que este foi o destino que mais me surpreendeu em toda a minha estadia no Brasil. Nunca foi uma cidade que me fascinou, e ao longo da maior parte do estágio nunca considerei sequer a hipótese de visitar a capital do Brasil.
Para a grande maioria dos brasileiros, Brasília não tem graça. É algo feito por políticos para os políticos, um símbolo da corrupção e reflecte a realidade da sociedade, um “apartheid” entre ricos e pobres. No entanto, não deixa de ser de extremo interesse visitar um lugar que se tornou a capital do quarto maior país do mundo, sendo que há 50 anos não existia rigorosamente nada no local, a não ser paisagens torradas pelo clima hostil dos trópicos.
Juscelino Kubitschek foi o grande mentor deste projecto. Quando alcançou o poder durante a década de 50, prometeu aos brasileiros “50 anos de progresso em 5”. Como é óbvio, Brasília foi uma das bandeiras deste lema, e que serviu os desejos do próprio presidente em levar o desenvolvimento para o interior do país, e não ser um fenómeno localizado apenas no sul e sudeste. No dia 21 de Abril de 1960, feriado de Tiradentes, foi inaugurada a nova capital federal, que se ergueu do nada em cerca de quatro anos.
O desenho da cidade foi elaborado por Lúcio Costa, sendo que os edifícios foram obra na sua grande maioria de Oscar Niemayer. O desenho original do “Plano Piloto” aproxima-se muito da realidade, isto apesar da cidade ter sido prevista para ter 500 mil habitantes e ter neste momento mais de 2 milhões. O “Plano Piloto” previa uma cidade com a forma de um avião, com o Eixo Monumental a representar o corpo do avião e o Eixo Rodoviário Norte e Sul a percorrer as asas. À frente do avião, os três poderes: judicial (Supremo), executivo (Palácio do Planalto) e legislativo (Congresso). Imediatamente a seguir, por ordem de importância, os ministérios dos Negócios Estrangeiros e Justiça, seguido dos restantes (para sinalizar a importância destes dois, a sua construção difere dos demais).
A grande falha do plano urbanístico da cidade tem a ver com os transportes públicos. O metro começou a ser construído posteriormente, e não há a mínima dúvida de que a cidade foi feita para os automóveis. Depois, algum tempo e paciência são suficientes para entender o funcionamento do sistema viário da cidade – em que a velocidade máxima permitida é de 60 km/h, mesmo nos casos onde existem seis faixas de rodagem em cada sentido.
O Eixo Monumental divide a cidade em duas partes: Asa Norte de um lado e Asa Sul do outro. Cada asa é atravessada pelo eixo Rodoviário Sul ou Norte, de acordo com a asa em que nos encontramos. As avenidas paralelas ao eixo são denominadas por W se estiverem a oeste (W1, W2, W3 à medida que se afastam da via) e de L se estiverem a leste (L, L1, L2, etc.). Depois, a cidade não tem nomes de ruas. Os bairros são superquadras, cujo número indica qual é a distância a que se encontra quer do Eixo Monumental quer do eixo rodoviário. O primeiro dígito indica a distância a que a quadra se encontra do Eixo Monumental; o último dígito indica se fica a leste ou a oeste do Eixo Rodoviário Norte ou Sul. Se o número for par, fica a leste; se for ímpar, fica a oeste. Por exemplo, a quadra 404 N situa-se na asa Norte, a quatro quadras do Eixo Monumental, e a duas quadras do eixo Rodoviário Norte.
No mínimo, é original. Nunca ninguém fez algo de parecido no mundo, pelo menos que eu saiba. No próximo post vou escrever sobre alguns dos edifícios mais emblemáticos da cidade.
O eixo monumental, com os edifícios governamentais ao fundo
O desenho original do "Plano Piloto": Asa Norte do lado esquerdo e Asa Sul do lado direito
2 Comments:
Puxa pandula...
To surpreso com o conhecimento que vc tá pegando do Brasil....
é isso aê...
Recolonização.
Braços.
Brazooca
Viado!!!
Post muito bem escrito, aliás como todos os que escreves...mas fdx, 5 horas para escrever 20 linhas ignorando uma balada funk que prometia???
Paulãooooooooo
Viadooooooooo
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