< Crónicas de Sampa: Moby

terça-feira, setembro 20, 2005

Moby

Sexta-feira foi dia de concerto de Moby em São Paulo. A minha presença no concerto não se deveu a uma grande admiração pelo artista ou pela sua obra, mas sim porque acabou por haver um bilhete que sobrou e eu ocupei o lugar.

O concerto iria ser realizado no Hotel Unique, um dos lugares mais chiques de São Paulo. O bar que este possui na cobertura do edifício é muito agradável e dos meus preferidos para conversar na noite paulistana. No entanto, o local do concerto ficava nos pisos subterrâneos, com óptimas condições de som mas com uma lotação mais reduzida.

Os preços eram proibitivos. 300 reais um bilhete inteiro (equivalente a cerca de 100 euros, o valor do salário mínimo no Brasil), 150 para estudante. E realmente o concerto, apesar de me ter surpreendido pela positiva, não vale esse dinheiro. Mas vale para as pessoas que lá foram, a sois-disant élite da sociedade paulistana, sim. Até vai haver outro concerto de Moby na próxima terça-feira, mas este concerto era especial, era privé. As pessoas não foram lá para ver Moby: foram para lá para poderem dizer que foram ver Moby ao Unique. E claro, para mostrarem à restante aristocracia que estavam presentes.

Não gostam deste género de ambientes. Não me sinto à vontade neles. No entanto, é uma das facetas integrantes da sociedade brasileira, a dita cuja. O fosso é de facto abismal.