Fim-de-semana na fazenda
Definitivamente, o interior é que está a dar.
Outra viagem de carro, desta vez em direcção a norte. O destino era uma fazenda e a companhia os amigos Erasmus de Copenhaga que estão a viver em São Paulo, Carlos e Carolina, de quem partiu o convite. Tinha muito para ser um fim-de-semana parecido com o anterior, mas com uma grande diferença: nada de baladas nem cerveja. Não deixou de ser muito bom por causa disso.
Saída de São Paulo, sábado de manhã. Já se torna um mau hábito ver as favelas a passar e olhá-las com certa indiferença, como se tratasse de uma coisa já muito natural. Dois factos marcaram a diferença em relação a outras rodovias que saem da capital: o péssimo estado da via, cheia de buracos, com imensas curvas perigosas e sinalização inexistente, e a desflorestação maciça. Este último fenómeno deve-se sobretudo à criação de gado, que leva à substituição de árvores por pastagens. É pena, não basta a floresta amazónica, também a mata atlântica vai sendo destruída aos poucos. No entanto, há medida que a cidade fica mais longe e o ar mais puro, tudo se torna mais agradável, até a própria estrada. O caminho era longo, e a partir do momento em que se entrou na estrada de terra passou-se para um planeta diferente, isolado, onde não há acesso a redes de telemóveis, o serviço de telefonia fixa costuma estar indisponível devido a quedas de árvores e o carro mais visto é o carocha. A primeira paragem foi para apreciar uma cachoeira (cascata) e ouvir o agradável som de uma corrente de água a deslizar sobre pedras. Depois, mais meia hora de caminho e chegada à fazenda.
A maior aventura prometida era um passeio a cavalo. Confesso que para estreante não me saí mal, no entanto as costas queixaram-se um pouco. Metade da cavalgada foi feita já no escuro, a atravessar montes, riachos e encostas abruptas. Ainda bem que estava escuro, pois ter-me-ia assustado caso soubesse por onde andava! Para a história fica uma vista maravilhosa da serra e da floresta, com a última claridade do dia; o céu estrelado, como nunca vi na minha vida, sem qualquer claridade a poluir a visão. Só mais uma coisa: muito frio! De noite, sem qualquer efeito de estufa, o termómetro chegou aos 2 graus…quem disse que o Brasil não é frio? Pois, e esta parte do interior do Estado de São Paulo, extremamente montanhosa, tem que se lhe diga. Ou seja, uma lareira nestas circunstâncias sabe sempre bem, mas é estranho pensar nisso num mês como Julho!
O resto do fim-de-semana ainda incluiu um passeio de barco num lago e um agradável convívio com a família da Carol. Também um contacto com um sotaque do interior de São Paulo, que eu não consegui entender nada. Agora a conclusão: para cerca de 24 horas passadas na fazenda, percorreram-se 200 quilómetros em cada sentido, para cerca de três horas de viagem. No Brasil, uma distância destas é muito curta, e vale bem a pena o percurso mesmo para aproveitar apenas um dia.
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